quinta-feira, 22 de março de 2012

Vamos fazer um trato, sim? Você e eu, André. Ninguém mais precisa saber. Vamos combinar que a partir de hoje a gente acredita em absurdo. Fica decretado que, a partir de agora, 21:09, a gente acredita no incompossível. E que você me dará licença poética, vai relevar os meus tropeços, os meus soluços sem fim, a minha falta de tino, o meu andar torto, o bagunçado do meu cabelo. Eu farei pouco caso dos seus exageros, sua falta de senso, sua voz mais alta que a sala, sua difícil conclusão.

Mais que isso, André, eu te darei minha mão (se você promete que segura a minha com firmeza, mas sem prender demais). E acima de tudo, nós nos concederemos nossas horas, doces e amargas, mas sem tentar nunca, jamais, sufocar os tempos do outro.

Não me pergunte como, André, só tope esse acordo comigo. Eu prometo guardar os silêncios, aceitar os perdidos e comer o que sobrar. Não prometo conter os meus quereres, interromper a língua, nem desvairar suposições com você. Eu te prometo, você me promete, aceitar que a gente se devora, e que é assim mesmo que a gente adora. André, eu não te prometo pra sempre, eu não sou de pra-sempres, mas te entrego minhas horas infindas se você também vier.

E então? Faz esse pacto do absurdo comigo? Até que tudo vire poeira (ou poesia).